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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Rock

 Irom Madem
A história deles começa no início dos anos 70, na Inglaterra, quando um garoto de quinze anos, chamado Steve Harris, desistiu de uma promissora carreira como jogador de futebol pelo West Ham United. Também não andava muito interessado na Leyton Country High Schooll, onde estudava na sua nativa Leytonstone. Pouco depois de pendurar as chuteiras, Harris, como muitos e muitos outros garotos de sua idade, acabou caindo de amores pelo rock: logo estava curtindo os sons das maiores bandas da época como Yes, Black Sabbath, Deep Purple, Jethro Tull, e duas de suas maiores influências: o Wishbone Ash (primeira banda a ter dois guitarristas solo) e o UFO, onde as acrobacias de palco do lunático baixista Pete Way seriam copiadas ponto a ponto. Mais tarde Scorpions e Judas Priest também trariam uma considerável inspiração.

Comentario do Viono:
"Não ter nada mais o que fazer é foda..."


Seu colega de classe, um certo Dave Smith, tinha aprendido a tocar guitarra, mas Steve gostava do som característico do baixo elétrico. Assim, pegou 40 libras juntadas com muita dificuldade e comprou uma cópia de um baixo Fender Telecaster. Junto com Smith formou então seu primeiro grupo que batizou de Influence, mas antes que tocassem seu primeiro show ao vivo, eles mudaram para um nome mais evocativo, Gypsy Kiss. Nessa época, 1972, Steve resolveu deixar a escola para sempre e seguir a carreira de músico. Antes que pudesse ganhar o suficiente para se sustentar, como veria durante muito tempo, pegou diversos pequenos empregos durante o dia para ter o prazer de tocar à noite. Então, logo que deixou a escola, utilizou suas boas notas para conseguir um trabalho como estagiário desenhista, ganhando a preciosa soma de 11 libras por semana. Quando se cansou, passou para varredor de rua e uma série de empregos temporários incluindo uma temporada de 3 dias como lixeiro. \"Esse eu tive que me livrar logo porque fiquei cheio de catar insetos que caiam pelo meu pescoço\" revelou Steve na primeira biografia oficial do grupo, Running Free.

AS PRIMEIRAS APRESENTAÇÕES
Mas se a vida nos empregos não era lá essas coisas, musicalmente falando as expectativas foram aumentando progressivamente, ao mesmo tempo em que ganhava importante experiência. A primeira apresentação do Gypsy Kiss foi num show de talentos no St. Nicholas Church Hall em Poplar. O promotor do evento era um cara chamado Dave Beasley, mais conhecido como Dave Lights, que viria a ser uma figura importante na vida do Iron Maiden, num futuro próximo. Claro que não foi das melhores apresentações que se podia esperar. Numa das músicas, que deveria começar com um solo de baixo, Steve se mostrou tão nervoso que errou completamente, ao ponto de seus companheiros acharem que ele estava tentando afinar o instrumento. Mas a apresentação foi bem recebida, constando que o grupo ficou em segundo lugar no concurso.

Nos meses seguintes o Gypsy Kiss continuou fazendo alguns shows esporádicos, tocando um set de músicas famosas como Paranoid (do Black Sabbath), All Right Now (do Free), Smoke On The Water (Deep Purple), Blowing Free (do Wishbone Ash) e até Neil Young (Southern Man). Também arriscavam algumas músicas próprias, incluindo uma certa \"Endless Pit\", de autoria de Harris, que mais tarde, se tornaria parte de \"Innocent Exile\".

Mas depois de sete apresentações, o Gypsy Kiss acabou e Steve resolveu entrar para outra banda da região leste de Londres chamada Smiler. Nesta banda estavam o baterista Doug Sampson, o vocalista Dennis Wilcock e os guitarristas Mick e Tony Clee. Mick e Tony, oito anos mais velhos que Steve, eram os donos do show. A banda fazia um som mais para o boogie, como o Savoy Brown, e conseguiram uma série de apresentações através do circuito de bares da região, obtendo uma fama pequena mas respeitável.

Para o jovem Steve a experiência foi considerável, mas estava fadada a ser curta. A banda chegou a fazer uma versão balançada de Innocent Exile, mas recusaram a tocar a primeira canção \"verdadeira\" de Harris, \"Burning Ambition\" com a desculpa esfarrapada de que ela tinha \"muitas mudanças de andamento\" e que - acreditem se quiserem - \"parecia com Genesis\"(!).

NASCE UMA BANDA
Frustrado, Harris caiu fora do Smiler, decepcionado com aquela visão estreita e preconceituosa e resolveu criar uma banda nova. Mesmo naqueles tempos iniciais Steve já tinha uma idéia bem clara de como a banda devia ser. \"Naquela época eu já tinha escrito algumas músicas. Então eu sabia qual era meu objetivo. Eu queria uma banda de rock pesado que preferiria tentar algumas coisas diferentes, que experimentaria um pouco ao invés de ficar naquela de três acordes que todo mundo fazia.\" Relembra ele. Steve escolheu o macabro nome de Iron maiden para sua banda. Como muitas das músicas que escreveu, esta foi inspirada num filme, O Homem da Máscara de Ferro, e se referia a um instrumento de tortura, uma espécie de caixão, com espinhos afiados na parte interna. Nessas alturas o repertório incluía algumas composições que ficariam famosas anos depois: \"Transylvania\", \"Innocent Exile\", \"Burning Ambition\" e o hino \"Iron Maiden\".

O recém batizado grupo estreou em maio de 1976, no clube Cart & Horses, em Maryland Point, Stratford. O local era tão pequeno que a banda teve que usar o banheiro como camarim. A primeira formação do Maiden tinha Ron Mathews na bateria, Steve no baixo, Paul Day no vocal e Terry Rance e Dave Sullivan nas guitarras. Não foi muito difícil para a banda arranjar apresentações em clubes locais, já que o próprio Harris atuava como agente e cuidava dos contratos, usando seus contatos e experiência adquirida durante sua temporada com o Smiler. Mas muita água iria correr antes que conseguissem ganhar o suficiente para encarar a vida como músicos profissionais.

Um dos maiores empecilhos nessa fase, além das dificuldades normais de ter que competir com dezenas e dezenas de outras bandas iniciantes, foi a constante troca de membros na formação do grupo. Isso iria continuar por muito tempo, já que Harris, o eterno perfeccionista, era difícil de se satisfazer. E, embora o primeiro Maiden tivesse sido bem recebido ao vivo, Harris estava longe de sentir que tinha as pessoas certas. Para começar havia o problema dos guitarristas: embora fossem bons nas bases, Rance e Sullivan não tinham muito jeito para solos. Paul Day era outro problema, não no vocal, no que era muito competente (mais tarde faria um certo sucesso no More), mas na sua falta de energia ao vivo. Harris queria uma banda dinâmica e brilhante no palco.

EM BUSCA DA FORMAÇÃO PERFEITA
Assim, Steve mudou de vocalista chamando o antigo cantor do Smiler, Dan Wilcock, que, por sua vez, trouxe a solução de terem um bom solista de guitarra: um loirinho, jovem e talentoso que havia tocado com Wilcock no Warlock chamado Dave Murray. Fizeram uma pequena audição e o cara caiu como uma luva no som que Harris pretendia fazer. Isso faria do Maiden um sexteto, mas Rance e Sullivan sentiram-se diminuídos com a inclusão de Murray e intimaram Harris a escolher entre eles ou o novato. Steve, muito profissional, não teve dúvidas: ficava com Murray. Sullivan e Rance caíram fora. Um certo Bob Sawyer foi chamado para completar o time de guitarras.

Dave ficou uns seis meses com a banda, até ter uma briga feia com Wilcock durante uma apresentação na Bridge House. Wilcock o despediu e Dave foi juntar-se à banda Urchin, liderada por um velho amigo seu, um guitarrista desconhecido mas muito bom chamado Adrian Smith. Bob Sawyer já tinha sido descartado um pouco antes, pois vivia tentando ultrapassar Murray ao invés de complementar seu som, sendo mais um rival do que um companheiro.

Com isso Steve ficou temporariamente desiludido com o conceito de dois guitarras-solo, cheio das brigas de ego. Chamou o guitarrista Terry Wapram, ex-Hooker, para ocupar o posto de Murray e, pela primeira e única vez, contrataram um tecladista via anúncio na Melody Maker, Tony Moore. Nesse meio tempo Ron Matthews saiu da banda e foi substituído por Barry Purkins. Essa formação só durou uma apresentação. Teclados não se encaixavam bem no som do Maiden da época e Moore caiu fora. O guitarrista Wapram acabou saindo também pois insistia que só tocaria se tivessem teclados na banda.

Nessas alturas Harris sabia muito bem quem ele queria de volta: o veloz, preciso e tranquilo Murray. Steve foi atrás dele com sua habitual determinação, até encontra-lo num show do Urchin. Foi lá e conversou e conversou até convencer Dave a voltar para o Maiden, deixando um Adrian Smith muito chateado.

Mal voltava à banda com Harris e nova crise bateu: Dan Wilcock disse que \"estava cheio\" e pulou fora do Maiden bem em cima de uma apresentação no Green Man Plumstead, o que deixou a banda furiosa. Com essa baixa, Purkins resolveu sair também, deixando apenas Harris e Murray para levantar a bandeira do Iron Maiden. Purkins, que atendia pelo apelido de Thunderstick iria se juntar pouco depois ao Samson, um grupo que incluiria um certo Bruce Dickinson nos vocais. Dava para acabar com qualquer um. Mas Harris não era qualquer um e tratou de arrumar as pessoas que faltavam.

NEM SÓ DE SOM VIVE UMA BANDA
Aqui, antes de Wilcock desaparecer de cena, vale a pena destacar sua contribuição para o futuro do Maiden. Nem tanto no vocal, mas sim numa outra área muito importante para o sucesso posterior da banda: sua imagem.

Wilcock era um grande fã do Kiss e foi dele a idéia de usar um pouco de teatro no palco para dar mais força às apresentações. Ele usava maquiagem vermelha num dos olhos (muito parecida com a de Paul Stanley do Kiss), máscaras em algumas músicas e fingia atacar Dave Murray para morder-lhe o pescoço durante seus solos. Mas o ponto alto destas apresentações acontecia em \"Iron Maiden\", quando ele passava um florete na boca e \"cuspia\" sangue de cápsulas de tinta. O resto da banda ficou muito impressionado com o resultado, principalmente quando duas garotas que estavam na fila da frente num show em Margate desmaiaram ao verem a cena. Certamente esses truques ajudaram a melhorar sua performance no palco.



Depois que Dan Wilcock saiu, Steve quis manter o elemento de teatro de horror na banda, mas sem a necessidade de ter um cantor maluco para fazê-lo. Até então o símbolo do Iron Maiden era um desenho de uma boca cuspindo sangue, bem parecida com a famosa boca dos Rolling Stones. O desenho era baseado nas performances de Wilcock.

A famosa figura do Eddie só apareceu bem depois, graças a um personagem chamado Dave Lights. Dave era um velho conhecido de Harris, pois foi ele quem organizou o concurso de bandas onde o Gypsy Kiss estreou. Mais tarde Lights decidiu transformar um velho vicariato onde vivia num local para ensaios. Dave acabou entrando para a estória do Maiden como responsável pelo show de luzes da banda e, mais tarde, efeitos especiais, tais como fogos de artifício durante as apresentações. O caráter de improvisação é bem demonstrado pelo número de vezes que Steve e Dave Murray saíram queimados quando o sistema estourava.

Mas a criação mais famosa de Dave Lights aconteceu quando ele pegou o logotipo da banda (desenhado pessoalmente por Steve Harris) e pintou-o de dourado, colocando junto uma máscara facial (segundo consta, furtada de alguma escola de arte). \"Eu não sei quem é esse cara - Comentou Steve - Mas ele devia ser feio!\" Dave colocou lâmpadas em torno das beiradas e usou o compressor de ar de um aquário para que a máscara cuspisse sangue durante a música \"Iron Maiden\". A idéía da cabeça e da rima (em inglês: Eddie, the Head) veio de uma piadinha infame de Dave Murray sobre um garotinho que tinha nascido sem corpo.

A segunda cabeça de Eddie era um pouco maior e Dave Lights a construiu de fibra de vidro e acrescentou olhos que acendiam, além de fumaça vermelha que saía dela. Também o logotipo foi melhorado sendo bem maior e feito de pedaços de vidro duramente construídos pelo senhor Lights. Tanto a cabeça de Eddie quanto o logotipo podem ser vistos nas primeiras fotos promocionais da banda, e na contracapa do primeiro LP. Eddie permaneceria sem corpo até a aparição do desenhista Derek Riggs, bem mais tarde.


Quem leu, agora conhece oque é música de verdade, oque é arte ! :D

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